“I’m wide awake.”

Uma insônia prazerosa me consome todas as noites. Mas não por causa de algum problema que me incomoda, agora o que me mantém acordada é vontade. Um misto de vontade e agonia. Mas não daquela que te coloca pra baixo. Muito pelo contrário, é aquela agonia gostosa que te impulsiona e te faz querer mais. Têm nome e não me abandona. Aquela que o desejo anseia e se torna algo incontrolável que só se acalma com a tua presença, mesmo que essa seja, até então, um tanto quanto distante.

Permaneço acordada porque você me prende assim.  Vem você na madrugada com essas palavras marotas, carinhosas, envolventes e me amarra pelos pés, mãos e, principalmente, se enrola todo na minha mente. Até que eu não aguente mais de cansaço e vá dormir. Você me deixa ir porque já sabe que conseguiu o que queria, fica contente porque todos os meus sentidos agora estão aguçados e voltados pra você. E então minha cabeça explode, meu coração dispara e eu te sinto a noite toda, como se a sua pele estivesse bem ali em atrito com a minha.

Aí você dança, me encanta e me desconserta. E já não é mais a mesma coisa ver os teus movimentos. Nada é neutro, tudo reage, tudo é desejável. E numa dessas fúrias dançantes, você me chama, me inflama e eu sinto que sou empurrada pra parede. Não há muito o que dizer, basta que eu te lembre toda noite que eu sou sua. Em compensação, há muito o que fazer, não é mesmo?!  

Falta pouco, meu bem, até que o teu sorriso ilumine o meu de uma vez por todas. Só mais um pouco, meu bem, até que a tua voz no meu ouvido seja o motivo da minha insônia, até que o teu toque seja o meu arrepio constante, até que o teu abraço seja o meu porto seguro. 

“Hold me tight.”

Era sufocante. Mas não de uma forma ruim, sabe, leitor?! Estávamos num lugar apertado. Tinha uma temperatura quente, se adequava ao meu corpo e me deixava aquecida, segura. Além disso, tinha um cheiro maravilhoso que me atraía demais. Mas não era de um perfume qualquer, não! Era a mistura da fragrância comprada com os feromônios exalados que me faziam querer estar ali, permanecer ali e me aninhar ali o tempo todo, pra sempre. Eu não queria ir embora de jeito nenhum, não queria me afastar daquele local, mesmo que houvessem motivos pra isso. Pude notar que, em um curto espaço de tempo, faltou-me o ar e meu coração acelerou, ao passo que eu sentia uma respiração ofegante no meu pescoço e também um descompasso cardíaco muito próximo de mim, encostando no meu peito. Não entendia muito bem o que se passava, até que senti meus cabelos se entrelaçarem em dedos desconhecidos. Aí acordei. E percebi que eu não queria sair é do seu abraço.

Uma vez ouvi alguém dizer: “Calma, o melhor é sempre mais difícil de ser conquistado.”

Se me perguntarem, digo que tenho medo. Porque sou medrosa, como todo ser humano, mas anseio pela solução deste mesmo problema. Digo que sei a solução. Se me perguntarem, digo que não sei coisa alguma sobre a solução, embora saiba qu(em)al seja. Porque não sei e estaria fora de mim caso eu soubesse. Na verdade, posso dizer que sei pouco sobre esse pequeno n(p)e(ss)gó(oa)cio. Tenho pouco, ainda. Faço pouco, por enquanto. Mas não quer dizer que não haja convicção, porque há. Não quer dizer que não existe foco, porque também existe. Também não quer dizer que não tenho planos, porque planejo. Só, talvez, tenha que ser lidado com calma pra que não se destrua no meio do caminho. Pra que vire uma(lgo) multin(con)a(di)cional, uma interestadual, nessa via distante. Meu caminho é longo e o tempo é curto, mas a vontade de ter é maior que qualquer maldita c(p)ausa no meio do caminho.